Adorava ter uma resposta oficial da MEO, mas a resposta mais provável é «não».

Isto porque em teoria a API da MEO Cloud é compatível com a da Dropbox (deliberadamente), o que permitiria, em teoria, que se configurasse o NAS para usar a MEO Cloud como se fosse uma conta Dropbox «especial».

Até aqui tudo bem… mas a MEO implementou uma versão obsoleta e descontinuada da API da Dropbox  O que significa que a esmagadora maioria dos NAS (que tenham sido continuamente actualizados) já não «fala» essa versão da API, pelo que o processo todo não funciona.

Por vezes consegue-se a autenticação — pois o OAuth2 mantém-se o mesmo standard! — mas depois quando chega a altura de fazer chamadas à API, o NAS e o serviço MEO Cloud não se entendem.

No caso dos NAS que corram uma variante de Linux — ou pelo menos qualquer coisa que permita instalar aplicações para CPUs ARM ou Intel — uma possibilidade a estudar é usar o rclone para tentar fazer a sincronização. O rclone é uma espécie de «sincronizador universal» com todo o tipo de cloud services que por aí existe, mesmo os mais obscuros, e, quando funciona, funciona lindamente. Suporta, evidentemente, a API da Dropbox — mas só na versão corrente — pelo que se consegue autenticar lindamente com a MEO Cloud, mas depois não consegue fazer mais nada do que isso.

Já andámos por aqui a tentar arranjar uma solução, mas não é nem fácil, nem trivial.

A API da MEO Cloud é mesmo muito extensa e sofisticada — mais até do que a versão antiga e obsoleta da Dropbox (não posso comparar directamente com a versão corrente, claro está) — e não é fácil desenvolver um módulo inteiramente novo para o rclone (embora eu ainda não tivesse desistido por completo ). Isto é o género de coisa que poderia ser desenvolvida no (defunto) SAPO Codebits ou no seu sucessor espiritual, o Pixel Camp (em stand-by desde 2020) — é uma excelente ideia para uma Hackaton de 48 horas!

Um side-effect deste tipo de implementação era que se poderia depois reduzir drasticamente os custos de desenvolvimento, manutenção e distribuição das várias apps MEO Cloud — passariam a ser apenas uma «casca colorida» à volta do rclone!

Nota: obviamente que isto jamais irá acontecer, porque não faz sentido para a MEO estar a disponibilizar ferramentas que depois até seriam utilizadas para se ligar às clouds da concorrência… no entanto, já não seria mau que fizessem uma de duas coisas:

1. Actualizar a API para ser compatível com a versão corrente da Dropbox.
2. Desenvolver um módulo/extensão para rclone (seja internamente, seja com recurso a entidades externas, seja pagando a uns estudantes lá em Aveiro — ou a mim! — para se dedicarem a esse desenvolvimento).

A primeira sugestão, evidentemente, significaria que praticamente tudo que por aí existe e que já «fala» Dropbox (não apenas o rclone!) passaria a poder sincronizar também com a MEO Cloud, e isto incluiria NAS, SmartTVs, provavelmente algumas consolas de jogos, o Kodi nas suas diversas encarnações, etc…

Mas dará uma trabalheira de morte e seria um projecto com vários anos de desenvolvimento; não é fácil, assim de um dia para o outro, mudar toda uma API (aliás, razão pela qual a própria MEO optou por usar uma API conhecida e muito utilizada — permitindo tirar partido de código existente — em vez de «reinventar a roda» e começar do zero). Dado que as vantagens serão marginais (permitir a uma mão-cheia de utilizadores perdidos aqui no Fórum que sincronizem os seus equipamentos não-PC e não-móvel com a MEO Cloud...), duvido que a Altice esteja disposta a fazer isso.

De notar que depois desta modificação radical, será preciso mudar todas as apps que comunicam com a MEO Cloud, o que será um pesadelo. Não sei quantos serão os utilizadores MEO Cloud, mas poderão ser qualquer coisa entre 1 e 3 milhões. A não ser que as boxes MEO também usem a MEO Cloud (seria uma utilização óbvia!), e então, nesse caso, serão ainda mais milhões (!), embora, pelo menos em teoria, as boxes da MEO possam auto-actualizar-se — enquanto que os telemóveis, tablets, portáteis e desktops… nem por isso. Haverão sempre pessoas a ligar para o suporte técnico da MEO a queixar-se que a aplicação «dá erro e diz que a versão da API não é suportada», etc… enfim, seria um caos.

A segunda sugestão é muito mais rápida de desenvolver e não requer muito mais do que um programador familiar com a linguagem de programação Go (que, de qualquer das formas, se aprende com imensa facilidade, para um programador profissional). Não é o trabalho «de uma tarde» — talvez algumas semanas — mas é muito mais fácil de fazer. Tem a desvantagem de ter um interesse mesmo muito restrito — apenas os utilizadores do rclone e mais ninguém. É certo que é uma ferramenta muito usada por quem «vive» na linha de comandos, mas, fora desta, nem por isso…

Em resumo: a resposta mais provável à sua pergunta continua a ser o «não».