Vivam,
Andei por aqui à procura, sem sucesso, por opções de configuração de proxies/caches Web na MEO, mas não encontrei nada.
Bem sei que em tempos idos o pessoal era anti-proxy porque não só tinha algumas falhas irritantes (nem todos os sites funcionavam bem… especialmente no IE5…) como, enfim, perdia-se performance e tal, porque o proxy precisava de carregar a página primeiro, etc.
Hoje em dia é tudo diferente. Os próprios browsers têm carradas de camadas de cache, em disco, em memória, em KVP stores locais, sei lá… são umas bestas
No entanto, o que não têm é uma forma simples e eficaz de partilhar conteúdo entre outros utilizadores na rede — com objectivo de poupar tempo a todos. O primeiro que descarregar qualquer coisa passa a guardar uma cópia local para todos os restantes.
Porque é que isto é interessante, nos dias em que correm, em que os próprios operadores da concorrência já oferecem fibra a 10 Gbps? (Nem a minha rede local tem tanto...)
Bom, uma coisa é nós termos 1, 2, 5, 10 Gbps em casa. A outra coisa é o servidor a que nos ligamos ter essa banda toda. Até podem ter, ou até podem ter muito mais, mas não é garantido que a tenham toda disponível para nós.
Vou dar um exemplo concreto: sai um upgrade novo da Microsoft. Todos os computadores do mundo que correm Windows começam imediatamente a descarregá-lo. Se temos 3 ou 4 PCs em casa, todos vão descarregar exactamente o mesmo pacote. Mas a própria Microsoft não tem largura de banda «infinita». É por isso que, se calhar, um patch/upgrade novinho em folha e muito popular descarregue a uma velocidade miserável. Não é culpa da MEO, ou da nossa rede em casa. Também seria injusto dizer que era culpa da Microsoft: há, pura e simplesmente, limites físicos na banda disponível. Os próprios routers ao longo do percurso também não têm a capacidade de suportar, em simultâneo, «infinitas» conexões. Também têm limites.
Um servidor proxy/cache ajuda nestas circunstâncias, pois basta a primeira pessoa descarregar o respectivo pacote, que as restantes obtêm o mesmo de forma instantânea a partir do proxy…
Ora eu já tenho um NAS em casa para fazer de proxy/cache para os computadores, tablets e telemóveis aqui na rede (e já é muita tralha!). No entanto, é — para mim — um desperdício não poder gozar de fibra instantânea para praticamente um milhão de portugueses, colectivamente a descarregar sempre as mesmas coisas da ‘net, vezes sem conta.
Durante uns tempos ainda usei uma coisa análoga — o InterPlanetary File System (IPFS) — cujo conceito é brilhante, mas, a meu ver, tem duas desvantagens (presentemente). A primeira, claro, é que este sistema desmaterializa a localização dos ficheiros: para todos os efeitos, é como se os ficheiros todos fossem colocados de forma anónima num cloud service que não é controlado por ninguém. Imediatamente, claro, isto passou a ser usado para partilha de pirataria e coisas piores, e o IPFS foi «agregado» a tudo o que seja «Web3», a noção de que ninguém é «dono» da Internet mas também que ninguém é reponsável pelo que lá se passa.
Depois também há um argumento puramente técnico: neste momento do desenvolvimento do IPFS, os nós são bastante pesados, seja em termos de processamento/CPU (há lá muita encriptação pelo meio), seja em termos de conexões abertas na ‘net (o IPFS usa o máximo que consegue). Se bem que seja verdade que muitos utilizadores MEO o usam (é fácil de ver pelos ping times reportados pelos nós mais próximos), também é verdade que já me chamaram a atenção, num servidor que tenho alojado na Alemanha (e que corria um nó IPFS), de que estavam «demasiadas conexões abertas» (mesmo que estas possam ser limitadas, são sempre «demais»). Acredito que isto possa ser uma questão de configuração, mas a verdade é que acabei por desistir — tinha alguns nós muito lentos, muito pesados, que acabavam por correr pouco mais do que o IPFS, e o que queria era precisamente o contrário: aliviar a carga nos sistemas cá de casa usando um serviço partilhado, e não tornar os sistemas (e a rede!) ainda mais pesados.
A solução, pois, parece-me que passa pelos «clássicos» sistemas de proxy/cache, que podem não ser perfeitos, mas por cá andam há trinta anos (ou quase), e são uma tecnologia robusta e madura. Como disse, há quem não goste deles, e eu até fiz parte desse grupo durante uns tempos, mas vejo que, hoje em dia, as coisas estão bem melhores do que antigamente.
Portanto, faria todo o sentido a MEO disponibilizar um pequeno conjunto de servidores proxy/cache Web, opcionais, para quem os quisesse usar. No meu caso, provavelmente os iria usar como segundo nível de cache — primeiro, os computadores iriam à rede local, ver se o NAS já tinha uma cópia actualizada do conteúdo; se não fosse o caso, o NAS contactaria os proxies da MEO e descarregava a partir destes. Dado que o tempo de ping para os servidores da MEO é tão ridiculamente baixo, isto seria infinitamente melhor do que a terceira alternativa, isto é, se ninguém tiver uma cópia do conteúdo, lá tem de se ir à ‘net buscá-la. Mas nesse caso seriam os servidores da própria MEO a fazê-lo, sem constrangimentos de largura de banda, e, uma vez descarregados, ficariam imediatamente disponíveis para um milhão de utilizadores. Faz uma diferença gigantesca!
É claro que pode ser que exista uma razão muito boa para não haverem servidores de proxy/cache Web na MEO. É que existe (há eternidades) um mecanismo conhecido como transparent proxy. Isto é configurado a nível dos routers da MEO, e que detectam imediatamente o que são pedidos HTTP(S), ou até FTP(S), e re-encaminham-no para os servidores proxy/cache de forma invisível, ou seja, sem qualquer necessidade da parte dos utilizadores de fazerem qualquer configuração especial nos seus sistemas (ou na sua rede). Nem o próprio FibreGateway da MEO precisa de ter conhecimento do que se passa lá internamente na MEO. E o certo é que, da nossa perspectiva de utilizadores finais, podemos nem sequer nos aperceber do que é que a MEO está a fazer com o «nosso» tráfego — se forem bem configurados, os sistemas de proxy transparente funcionam lindamente.
É possível que a MEO já tenha a sua infraestrutura configurada dessa forma, logo, não necessitando de informar o público do que está a fazer. «Faz parte» do serviço. É possível! Se for o caso, obviamente, esta minha questão fica sem efeito — tudo o que preciso já está a funcionar, melhor do que pensava, e não requer qualquer configuração da minha parte.
Mas se não for o caso (há operadores com escrúpulos que gostam de manter os seus utilizadores informados com o que se passa com o «seu» tráfego, e para os quais este tipo de optimizações é opt-in, ou seja, o utilizador tem de explicitamente autorizar a MEO a fazer cache dos dados que vamos buscar à ‘net), então gostaria de saber se alguém já descobriu os nomes (e também a porta, que costuma ser 8080 ou 3128, mas que pode ser qualquer uma) dos servidores proxy/cache da MEO, e qual a configuração para aceder aos mesmos — muitos requerem uma autenticação prévia para impedir abusos.
Porque se essa informação está disponível algures nos múltiplos sites da MEO, não a consegui encontrar — não está num sítio que seja «óbvio» para mim.
Desde já obrigado pela atenção!